Recordo-me de ter aderido imediata e entusiasticamente à
proposta da construção de um novo estádio da Luz, apesar de partilhar, então,
os mesmos anseios da generalidade dos benfiquistas, como a eventual perda de
identidade ou as dificuldades financeiras prementes após anos de má gestão (e
danosa em parte deles) que, eventualmente, se agudizariam face ao elevado
investimento necessário. Conhecia bem o estado de degradação do velhinho
estádio, colocando de lado a mais simpática, do ponto de vista afectivo,
hipótese de remodelação. A propalada partilha de um estádio com o Sporting,
motivada por um economicismo, para mim, incompreensível, nunca foi solução, e
sempre que a questão se colocou, bati-me ferozmente com quem defendia esse
ponto de vista.
O que não vislumbrei na altura é que um estádio é mais que
uma mera infra-estrutura (a edificação do Caixa Futebol Campus é também um belo
exemplo). Luís Filipe Vieira e Mário Dias, os homens a quem, nessa fase de
indefinição, se deve a ousadia da empreitada, bem clamavam por supostos
benefícios que julguei não passarem de promessas vãs. Acreditava que evitar que
o Sport Lisboa e Benfica se visse, um dia, a contas com intervenções forçadas e
muito onerosas que não passariam de remendos era argumento suficiente.
Mas, passados quinze anos, torna-se evidente a diferença
entre sonhadores e visionários. Sonhar é fácil. Ter a capacidade para sonhar,
implementar o sonho e cumpri-lo é outra conversa. O novo estádio da Luz foi, de
facto, o catalisador prometido para o Benfica moderno, pujante associativa e
desportivamente e viável económica e financeiramente preconizado. Sempre fomos
o maior clube português, voltámos a ser o melhor.
Jornal O Benfica - 26/10/2018
Sem comentários:
Enviar um comentário