De passagem por Edimburgo, aproveitei para visitar o estádio
do Hearts of Midlothian, um dos nossos adversários na campanha que resultou na
conquista da nossa primeira Taça dos Campeões Europeus, em 1961. O Hearts,
apesar de fazer parte do meu imaginário, precisamente por constar no caminho
que levou José Águas a erguer o mítico troféu, é um clube relativamente
modesto. Assim, não me surpreendeu que o “museu” do clube, na arquibancada de
um dos topos, embora digno, cuidado e cativante, se limite a uma pequena sala.
Mas o mais interessante, de um ponto de vista benfiquista,
foi a forma como fui recebido. Por ser o único visitante naquele momento,
beneficiei da atenção especial do voluntário de serviço. Conversa puxa conversa
e logo referi o confronto entre Benfica e Hearts e os golos, naquele local, de
Águas e José Augusto. O senhor, aparentemente octogenário, partilhou comigo as
suas memórias desse encontro e da grande equipa do Benfica nos anos 60 que, e
passo a citar, “ninguém os conhecia e de repente eram a melhor equipa da
Europa. E quando aqui jogaram, ainda não tinham o Eusébio”.
Mas o melhor, para mim, surgiu quando lhe revelei que
escrevi uns livros sobre o Benfica, colaboro com o jornal e comento na
televisão do clube. Passo o exagero, quase me dedicaram honras de estado. O
senhor telefonou ao curador adjunto do museu e fui levado a uma visita ao
estádio por ambos. O dia daqueles dois simpáticos e dedicados adeptos do
Hearts, a julgar pela forma como fui tratado, não foi um qualquer. O Benfica, o
enorme Benfica, esteve ali representado informalmente por um dos seus milhões
de adeptos. Uma honra, a crer nos senhores, para o Hearts of Midlothian FC.
Jornal O Benfica - 19/10/2018
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