Escrevo na terça-feira, antes do jogo decisivo em Salonica.
Por isso, resta-me agradecer encarecidamente a Luís Godinho, árbitro do
Benfica-Sporting, por colaborar diligentemente na preparação para a contenda na
Grécia. A perspectiva de ver a nossa equipa disputar uma partida apitada por
Felix Brych, um homem que, há quatro anos em Turim, não sendo banqueiro ou
político, conseguiu roubar descaradamente 14 milhões de pessoas, é aterradora.
Godinho, no fundo, um bom samaritano, tentou mimetizar Brych, possibilitando à
nossa equipa a indispensável preparação táctica, técnica e mental.
Mas Godinho, e é bom que se investigue, não é, pelos vistos,
um mero colaborador ocasional do Benfica (alerto, desde já, que esta é daquelas
situações que não serão detectadas em emails roubados, pois esses, por mais
vasculhados que sejam, nada contêm para além da actividade normal, legal e por
vezes até enfadonha de funcionários e dirigentes de clubes que tratam de
assuntos normais, legais e por vezes até enfadonhos de clubes). Godinho será
antes um competente agente benfiquista infiltrado na arbitragem de futebol,
servindo os propósitos encarnados. Ou não é a aposta na formação assumidamente
estratégica para o Benfica?
Uma semana antes do dérbi – e, caros dirigentes
benfiquistas, já que neste caso se trata de uma estratégia a médio prazo, deveriam
tê-lo instruído para disfarçar um bocadinho – o prestável Godinho, em Arouca, formou
os nossos jovens atletas na difícil arte de lidar com um adversário que,
inadvertidamente, se apresentou em campo com um clássico 4-3-3-apito. Se não
estamos perante um claro domínio dos meandros do futebol português, já não
percebo nada disto.
Jornal O Benfica - 31/8/2018