sábado, 31 de março de 2018

Complexado (com maiúscula)


Em fevereiro de 1907, o Sport Lisboa derrotou o “invencível” Carcavellos, dos ingleses do Cabo Submarino, por 2-1, logo lhe sendo colocado, pela imprensa da época, o epíteto “gloriosíssimo”. No verão seguinte, um jovem endinheirado, fascinado pela valentia e mestria do grupo de Belém, convenceu a quase totalidade da equipa, oferecendo melhores condições para a prática do futebol, a representar o seu clube, o Sporting. Gourlade, Bragança, Cosme Damião e Félix Bermudes encontraram a fórmula para a revitalização do afamado grupo de Belém, mantendo vivas as suas cores e emblema e, pouco mais tarde, encontrando casa em Benfica, com sucesso imediato. Em 1910 e 1911 já o Benfica goleava o Sporting com regularidade. Em 1914, Artur José Pereira, à época o melhor jogador português, trocou o Benfica pelo Sporting, tornando-se o primeiro futebolista pago em Portugal.

O “lagartismo” está bem impregnado em Bruno de Carvalho. Ou seja, a matriz genética do seu inabalável sportinguismo inclui a evidente, ainda que inconsciente, admiração pelo Benfica, embora trasvestida de desdém extremo. Nem se digna a escrever Benfica com maiúscula, apesar de cá ter vindo buscar o treinador, contratado vários ex-atletas e se inspirado para a fundação, a loja na Baixa, o museu (com a originalidade da vitrina vazia, metáfora perfeita para o Sporting das últimas décadas), o canal de televisão, o kit sócio, etc.

O uso do B minúsculo arregimenta os seus pares e serve para apregoar uma suposta e delirante superioridade moral e desportiva, mas denota, sobretudo, o complexo de inferioridade em relação ao Benfica que tanto os caracteriza, martiriza e condiciona. Têm sido “cinco anos maravilhosos”, pois têm…

Jornal O Benfica - 30/3/2018

Números da semana (167)

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