O Sporting tem sido useiro e vezeiro nas críticas à
arbitragem, não obstante as inúmeras decisões que o tem beneficiado. Acresce
que encontra sempre no Benfica a razão de todos os males, os seus e os do
sector da arbitragem. Não sei se será feitio ou estratégia, mas parece-me que
tem resultado, pois a ilusão do término de mais um longo período de seca do
título máximo do futebol português durou mais que o expectável e foi alimentada,
em parte, por arbitragens favoráveis, e não pela qualidade de jogo patenteada
pela sua equipa. Esta, reconheça-se, tem estado longe da exigível a um
candidato ao título e enormemente distanciada da apregoada.
Nesta temporada houve, no entanto, uma nuance que não é
despicienda. A liderança da cruzada anti-Benfica situa-se a norte e o Sporting,
apesar do discurso costumeiro e bafiento dos seus protagonistas, deixou-se
secundarizar na esperança, creio, de que colheria os benefícios de uma
estratégia comunicacional implacável e sórdida, porém sem se desgastar nessa
demanda. Mas não perceberam o óbvio: Quando se juntam mal-intencionados com
voluntaristas, os eventuais frutos da parceria cabem sempre aos primeiros, gozando
ainda estes da conivência e solidariedade dos segundos.
Só assim se entende que o caso do Estoril-Porto não tenha
merecido a atenção leonina que seria considerada normal. E depois, no momento
certo, Artur Soares Dias, que nem com recurso a imagens televisivas conseguiu
descortinar aquela grande penalidade monumental sobre Doumbia, mostrou aos
voluntaristas, porventura inconscientemente, que quem não treina em paz no
Centro de Alto Rendimento da Maia não pode, nem deve, incomodar os
mal-intencionados…
Jornal O Benfica - 9/3/2018