Se não viu a reportagem especial intitulada “Amor à Camisola”, transmitida pela BTV esta semana, faça-se um favor e veja. É, de facto, imperdível.
Ao longo de uma hora ficamos a conhecer tudo o que envolve a
preparação de um jogo no que toca à esfera dos equipamentos e percebemos de
forma cristalina a importância dos técnicos de equipamento para o espírito do
grupo.
Devido ao cargo de dirigente do meu pai, fui um privilegiado
pois cresci no seio da fabulosa equipa de basquetebol do Benfica nos anos 90.
Vi todos os jogos na Luz e acompanhei a equipa em inúmeras deslocações. Fui
muitas vezes questionado por amigos sobre jogadores e treinadores, mas nunca
sobre técnicos de equipamento (ou fisioterapeutas).
Na altura, o roupeiro era o Sr. Albano. Talvez ainda se
lembrem dele. Era um homem baixo e franzino, bem mais velho que os jogadores,
sempre presente no banco benfiquista, responsável pelas águas e toalhas, além
da limpeza do piso de jogo quando necessário.
Mas não imaginam o trabalho diário e, sobretudo, a relação
de proximidade que tinha com os jogadores, os quais, independentemente do
reconhecimento prestado pelos adeptos, todos o tratavam com enorme respeito.
Por exemplo, a ninguém, sem excepção, era permitida a entrada na rouparia sem a
devida autorização do Sr. Albano. Este, por sua vez, zelava por que nada
faltasse aos jogadores – à primeira vista era escravo deles – mas estes, por
sua vez, tratavam-no com uma reverência imperceptível, não obstante as
costumeiras brincadeiras restritas a limites tácitos.
Obrigado BTV por esta homenagem. É um serviço ao Benfica (ao
desporto) que os adeptos tenham oportunidade de perceber a relevância destas
pessoas no sucesso das equipas.
Jornal O Benfica - 2/4/2021
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