Diz-se que, no desporto, “o que conta são os resultados”. A análise é condicionada por eles, incluindo a de dirigentes, devendo estes, no entanto, e recorrendo ainda a um aforismo, terem a capacidade de olharem para a floresta como um todo e não para as árvores que os rodeiam. Temos um exemplo paradigmático e de sucesso relativamente recente no clube, quando, em 2013, na sequência de tudo perdido, Luís Filipe Vieira percebeu, contra a opinião da maioria, que deveria renovar o contrato de Jorge Jesus, dando assim um passo vital para o inédito tetra que se seguiu.
Perder uma Supertaça, mesmo sendo apenas um troféu, é péssimo,
seja com um dos adversários que fazem do ódio ao Benfica uma das suas forças
motrizes, o Porto e o Sporting, seja com outro qualquer. E não o é somente por
se tratar de uma derrota, das quais ninguém gosta. É-o porque o etos
benfiquista não tolera a possibilidade de derrota. Já dizia a canção, concisa e
acertadamente, “o nosso destino é o de vencer”.
O repúdio à possibilidade da derrota não significa, no
entanto, que neguemos a sua ocorrência ou que, acontecendo, devamos proceder a
purgas desprovidas de sentido para acalmar as hostes.
Tivemos períodos de maior e menor fulgor desportivo, não me
constando que, desde a consolidação da presença do clube na sociedade
portuguesa, o activo mais sólido do Benfica, o benfiquismo, tenha sido afectado
por aí além por essas oscilações. E, presentemente, sabendo que só com a devida
distância poderemos, de facto, estabelecer os limites de um período, creio que
perdura um caracterizado por sucesso desportivo (diferente de ganhar sempre) e
as bases do sucesso permanecem sólidas. Espero ter razão, acredito que terei.
Jornal O Benfica - 01/01/2021
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