Nesta semana instalou-se a polémica sobre a omissão, num
manual escolar de português do 12ºano, de três versos do poema “Ode Triunfal”,
de Fernando Pessoa, sob o pseudónimo Álvaro de Campos. A editora rejeita a
censura, ressalvando que, na versão do manual para os professores, o poema está
completo, oferecendo-lhes a possibilidade de decidirem se abordam, em contexto
de sala de aula e de que forma, os tais versos.
Chamem-me conspirativo, fantasioso ou mero incauto adepto
sofredor impotente perante o estado calamitoso da arbitragem do futebol
português, mas dei por mim, ao assistir a esta celeuma, a pensar numa eventual
causa desta bandalheira absolutamente nefasta para a competição futebolística
que se deseja, por quem de bem, salutar, mas é, pelo contrário, assustadoramente inquinada, remetendo-nos
para tempos que julgávamos, ingenuamente, mortos e enterrados.
É como se, perdoa-me a analogia Pessoa, o protocolo da
vídeoarbitragem tivesse sido escrito por Pinto da Costa sob o pseudónimo
Fontelas Gomes e fossem entregues, a árbitros e outros interessados, duas
versões diferentes. Aos primeiros, a completa. Aos restantes, a reduzida. E,
assim, os árbitros, mais qualificados para discernir quando, onde e a quem
aplicar as regras omissas, poderiam zelar pelo bom funcionamento do sistema no
seu todo. Aqueles árbitros que, por conveniência, interesse próprio ou até
salvaguarda da sua saúde, nomeadamente enquanto se preparam no Centro de Alto
Rendimento da Maia, se sentissem necessitados, teriam então um mecanismo
adicional de sobrevivência ao seu dispor.
Só assim se explicaria a sucessão de más arbitragens em
jogos do FC Porto, a favor deste, ao longo da primeira volta do campeonato.
Jornal O Benfica - 18/1/2018
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