domingo, 24 de junho de 2018

A aposta na formação


Sempre que o Benfica vende o passe de uma das suas pérolas da formação, há benfiquistas que, em tom crítico, se interrogam se valerá a pena a aposta no Seixal. Do meu ponto de vista, a questão é simples.

O objectivo primordial de qualquer decisão no Benfica, seja estratégica ou operacional, deverá ter em vista a solidificação do projecto desportivo do clube, que passa pela capacitação das suas equipas seniores de competências e condições que lhes permitirão a conquista de títulos de forma continuada. No caso particular do futebol, tendo em conta o contexto nacional, nomeadamente se inserido nas dinâmicas do futebol internacional, em que predomina uma capacidade de investimento inalcançável aos clubes portugueses (e irrecusável a qualquer futebolista, incluindo os nossos), parece-me indiscutível que a aposta na formação é essencial.

A questão deverá ser, então, o que fazer com o produto dessa aposta. Aqui há que regressar ao ponto de partida. A ambição do Benfica não é, nem nunca poderá ser, tornar-se simplesmente num clube formador. A formação deve, portanto, ser encarada enquanto uma das ferramentas, porventura a mais relevante, que permitem o acréscimo de competitividade da equipa sénior, tanto pelo rendimento desportivo dos jovens formados no Benfica como pela contratação de bons atletas com as receitas obtidas através da alienação de passes, incluindo dos formados no Seixal. O truque, sabendo-se que, trabalhando bem, as pérolas, com maior ou menor cadência, suceder-se-ão umas às outras, será maximizar o rendimento desportivo e financeiro da aposta. Infelizmente, mas é a realidade que temos e não creio que possamos alterá-la, resume-se a vender no tempo certo.

Jornal O Benfica - 22/6/2018

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