Muito se fala de Paulo Sousa e Pacheco por estes dias, como
se estes nossos antigos atletas, e em particular a sua deserção para o Sporting
num momento periclitante da nossa história, mereçam tornar-se na motivação de
seja o que for no Benfica. Outros houve, desde 1907, que, por razões diversas,
tomaram o mesmo caminho. Nem os supra citados, nem os restantes justificam o
sentimento de vingança pela nossa parte. Para esses profissionais não há
dinheiro que tenha pago o castigo auto-infligido da troca do maior clube
português por uma agremiação movida a ódio, inveja e inferioridade. Para o
Sporting, em todos os casos, restou a satisfação pífia e efémera da tentativa
de ferimento do Benfica e, sobretudo, a frustração de nunca ter conseguido
inverter a relação de forças entre os rivais.
Não quero com isto afirmar que o Benfica deverá evitar a
contratação de atletas livres por terem representado o Sporting. Pelo
contrário, defendo que o Benfica deverá sempre interessar-se pelos melhores ao
seu alcance independentemente da sua proveniência e desde que o investimento
assente em expectativas reais de retorno desportivo e/ou financeiro. Caso
aconteça, não se tratará de uma vingança, mas do puro e simples apetrechamento
do nosso plantel. A eventual perda de competitividade do nosso campeonato é um
assunto que não me diz respeito, não sou sportinguista… E quanto às juras de
solidariedade portista, a hipocrisia é, de facto, podre, como algumas maçãs, e
frutífera, como algumas pereiras.
Deixo, no entanto, uma recomendação. Se contratarmos alguns ex-jogadores do Sporting, que não os exibamos como um troféu. Tratar-se-á, não
duvidemos, de uma promoção para esses atletas.
Jornal O Benfica - 15/6/2018