Bruno de Carvalho, no DN, fez um exercício de publicidade,
do meu ponto de vista enganosa, sobre o virtuosismo da sua gestão e da situação
financeira leonina em prol do próximo empréstimo obrigacionista da Sporting,
SAD. Não sou seu correligionário nem investidor, mas há três passagens
merecedoras de comentário.
Saber negociar: Investir em obrigações do Benfica poderá ser
mais arriscado que no Sporting (cuja SAD, pela primeira vez na história das
SAD, falhará um prazo de reembolso) devido ao possível desinteresse dos bancos
em cobrirem um eventual incumprimento pois o Benfica deixou de ter relação com
a banca. Sugere, portanto, que o Benfica, por não ter dívida à banca, poderá
criar maior apreensão nos investidores que as entidades devedoras, incluindo, as
incumpridoras.
A anedota: Diz que há um risco relativo a questões
reputacionais associadas ao Benfica (emails). Avisem-no já: Pagar a tempo e
horas mitiga o risco de desconfiança dos investidores!
O escândalo: “Preço de compra de cada VMOC a 30 cêntimos (…)
sem aumento das taxas de juros e sem entrega de garantias adicionais aos
bancos”. As VMOC, subscritas pelos bancos por 1€ cada, serão recompradas pela
Sporting SAD por 0,30€. Significa isto que existe um perdão implícito de 70% a
uma SAD que se gaba de ter um activo que “ascende a 287M€” e uma “boa situação
financeira”. Por artes mágicas, 135M€ de dívida passam a 40. E relembro que um
dos intervenientes, o Novo Banco, está intervencionado pelo Estado, tendo
anunciado recentemente nova injecção de capital (721M€) por via de empréstimo
estatal ao Fundo de Resolução… para cobrir imparidades. Caro contribuinte, seja
bem-vindo à Junta de Salvação Leonina!
Jornal O Benfica - 4/5/2018