As críticas à equipa e a Roger Schmidt, sejam provenientes da comunicação social ou dos adeptos, são normais. O desempenho (até ver) aquém das muito elevadas expectativas, formadas, em parte, por se tratar do Benfica e pelo forte investimento no defeso, mas também pela excelente temporada passada com o treinador alemão, assim o determina. O que não se pode aceitar é a perseguição de que Schmidt tem sido alvo.
É inaudito que haja uma campanha em curso nalguma
comunicação social a um treinador que, nos seus primeiros 70 jogos oficiais no
Benfica, obteve 53 vitórias, perfazendo uma percentagem de sucesso de 75,71%, o
que só Cosme Damião, Béla Guttmann, e Fernando Riera conseguiram superar em
igual período (considerando vitórias ou derrotas após desempate nos “penáltis”).
E que leva 81,4% de vitórias no Campeonato Nacional desde que chegou ao
Benfica, uma percentagem inferior somente às alcançadas por Manuel Alexandre
(13 jogos apenas) e Jimmy Hagan em toda a história encarnada na competição.
A estupefacção aumenta ao se observar o seguinte: Sérgio
Conceição, nos primeiros 70 jogos oficiais no FC Porto, ganhou 52 (74,29%). E
Rúben Amorim, no mesmo conjunto de jogos iniciais no Sporting, venceu 51
(72,86%). Qualquer deles com desempenho abaixo de Roger Schmidt e
beneficiários, indubitavelmente, de maior tolerância.
Campeão nacional, vencedor da Supertaça, quarto finalista da
Liga dos Campeões de um Benfica recordista de pontos na fase de grupos não
chega, pelos vistos, para um conjunto de jogos menos felizes (ainda assim a
três pontos da liderança e uma Supertaça conquistada), como se o Benfica, na
sua história, tivesse ganho todas as partidas do Campeonato Nacional ou tido,
sempre, extraordinárias campanhas europeias.
Roger Schmidt, por ter contribuído para uma grande época, não
goza, nem poderia gozar, de tolerância infinita. Os eventuais erros podem ser
apontados e daí não vem mal ao mundo.
No entanto, chega a ser indigna a forma como já há quem, no
actual contexto, se dedica insistentemente, nos meios de comunicação social, a
pedir a sua cabeça. Serão, por certo, aqueles que, vendo a cabeça de Schmidt
rolar, se apressariam a pedir a do próximo treinador do Benfica, fosse ele quem
fosse. Schmidt, no fundo, é um mero dano colateral de uma muito enraizada
vontade de prejudicar o Benfica…
Jornal O Benfica - 3/11/2023
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