Tenho lido e ouvido repetidamente uma ladainha sobre atributos do FC Porto que já enjoa. Não é desta semana, tem anos. E sempre que há um clássico, lá vem ela, qual mantra de pessimistas e mal-intencionados.
“Contra o Benfica, é o jogo da vida deles”, “medo cénico”,
“aguentam melhor a pressão” e outros que tais, todos querem dizer o mesmo e
nenhum tem validade se pararmos por um segundo e nos lembrarmos que, nas
últimas três partidas, ou seja desde que Roger Schmidt chegou ao Benfica, foram
duas vitórias para o nosso lado, qualquer delas antecedida por estes
mesmíssimos argumentos.
E que tal olhar para cada um dos jogadores mais utilizados
do Benfica e tentar descortinar essa suposta sina. Mas quem, afinal, se
amedronta, ou seja lá o que for? Um dos muitos estrangeiros, quase todos há
pouco tempo em Portugal? O Otamendi? Deixem-me rir. O Di María dos grandes
palcos? Só pode ser piada. Os portugueses, como o António Silva e o João Neves,
que não tremem e parecem ter nascido ensinados sobre como se joga futebol? Ou o
Rafa, que até já marcou duas vezes no Dragão em triunfos benfiquistas? Por
favor…
O que esta conversa reflecte é o pessimismo de alguns
benfiquistas e, sobretudo, a vontade dos nossos adversários. Tomara eles que a
historieta do medo fosse verdadeira. E tentam que o seja, disso não duvido. Se
se socorreram de Delanes Vieiras e Alexandrinos, não hão-de acreditar no poder
de sugestão, que até é comprovado cientificamente?
Este discurso, ainda por cima, é pernicioso. Relega, para um
plano secundário, as duas vitórias nos últimos três jogos, os inúmeros exemplos
de arbitragens prejudiciais ao Benfica ao longo de décadas e também erros
próprios, que os houve, em diversos desafios. Além de alimentar os anseios dos
benfiquistas, logo muito audíveis durante o jogo caso o FC Porto esteja por
cima durante cinco minutos (como se tal fosse inconcebível perante um bom
adversário), correndo-se, aí sim, o perigo da equipa se enervar.
A realidade é esta: o Benfica tem um treinador capaz de
implementar um futebol mais atrativo e um plantel melhor. Tem jogado uns furos claramente
acima, tem tudo para ganhar hoje, assim como o fez na Supertaça.
Tal significa que o jogo é fácil e a vitória está
assegurada? De todo. O FC Porto tem potencial para ser organizado
defensivamente, jogará nos limites da agressividade que o árbitro permitir, torneará
as dificuldades da pressão alta do Benfica com passes longos, apostará muito nos
duelos individuais e segundas bolas, tentará ocupar o meio-campo encarnado,
colocará vários jogadores na área benfiquista e terá uma equipa, apesar de
menos talentosa, evidentemente mais física.
E então? Não foram exactamente estes os predicados tão
propalados antes da Supertaça com o resultado que se conhece?
Desconheço antecipadamente, como é óbvio, o desfecho do
jogo. Só sei que estou confiante e a razão é simples: a equipa do Benfica
merece que se confie nela.
Jornal O Benfica - 29/9/2023
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