Ninguém, exceptuando talvez aqueles que acabaram de chegar ao clube, terá ficado verdadeiramente surpreendido com a presença de 23470 benfiquistas no treino aberto realizado no domingo passado, apesar de se tratar de um recorde neste estádio.
São assim os benfiquistas, já dizia Béla Guttmann: “Nem que
o jogo seja no fim do mundo, entre as neves da serra, ou no meio das chamas do
inferno, por terra, por mar ou pelo ar, eles aí vão, os adeptos do Benfica
atrás da sua equipa... Grande, incomparável, extraordinária massa associativa!”
O Benfica é o conjunto de todos os benfiquistas. É por isso
que o Benfica é o maior e, normalmente, o melhor, mesmo que, de quando em vez,
a ânsia colectiva pela prossecução dos objectivos (às vezes desmedidos) possa
ser perniciosa, mas há que saber lidar com isso. Afinal, não é qualquer um que
pode representar o Benfica e, por definição, milhões de benfiquistas.
Foi, sim, uma agradável surpresa termos sido presenteados
com um treino de conjunto. Talvez me falhe a memória, mas não me recordo de tal
iniciativa desde o antigo estádio, em 1999, numa noite em que as mãos levadas à
cabeça pela aparente demonstração de incapacidade de Bossio foram as mesmas que
se esfregaram de entusiasmo pelo potencial de um miúdo na outra baliza, o Enke.
Desta feita não creio que tenha havido motivos para grandes
preocupações, antes algumas primeiras impressões foram muito positivas,
tratando-se efectivamente de confirmações.
Desde logo o tipo de futebol que parece estar a ser implementado.
Cada posse de bola é aproveitada para se tentar criar uma oportunidade de golo.
Claro que não era diferente num passado recente, mas prefiro que se tente com
meia dúzia de passes do que com infindáveis trocas de bola sem o mínimo rasgo
ou risco.
Depois algumas apreciações individuais. Gostei de vários
jogadores, mas destaco quatro: David Neres, Henrique Araújo, António Silva e
Diego Moreira. Qualquer deles confirmou, numa primeira impressão 2022/23, as
muitas impressões positivas deixadas anteriormente. Se de Neres e Araújo espero
um contributo imediato, dos outros estou convicto de que despontarão mais cedo
do que muitos esperam.
P.S:
Tinha nove anos quando conheci Henrique Vieira. Acompanhei
de muito perto aquelas equipas de basquetebol fabulosas do Benfica do final dos
anos 80 e anos 90 e o Henrique foi, para mim, um ídolo, uma referência de
liderança e um compêndio vivo de como jogar bem basquetebol. Houve jogadores
melhores, mas muito poucos os que conheceram o jogo tão profundamente como ele.
Deixo um forte abraço aos seus filhos Filipe e Pedro.
Jornal O Benfica - 8/7/2022
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