Não há exagero: a conquista da Liga Europeia de andebol foi uma autêntica epopeia, em particular pelas incidências da final.
O adversário era fortíssimo e oriundo da Alemanha, cujo
campeonato é considerado o melhor da atualidade. E basta olhar para o palmarés
desta competição: a máxima futebolística “… no fim ganha a Alemanha” é, em
rigor, muito mais adequada ao andebol.
Chema Rodríguez disse, no final, que “o jogo foi um
milagre atrás de milagre”, mas como alguém disse, e Chema sabe-o muito bem, “os
milagres dão muito trabalho”.
E esse trabalho começou na constituição de um plantel
repleto de jogadores experientes e com qualidade muito acima da média,
orientados por uma equipa técnica capaz de formar um grupo competente,
empenhado e ambicioso. O percurso na prova foi muito meritório, encontrando na
final four o palco ideal para duas exibições memoráveis. E é importante que
aplaudamos também a decisão arriscada da direcção do Clube em investir na
organização do evento derradeiro da prova: os mais de cinco mil benfiquistas
junto da equipa foram essenciais para o feito alcançado.
A taça vai para o museu, o nome do Benfica fica para sempre
gravado no palmarés da prova e na memória coletiva perdurarão o golo de Borges
no último segundo, as defesas incríveis de Hernandez e a fantástica bola
recuperada por Kukic na parte final do prolongamento e que permitiu que o
Benfica passasse para a frente do marcador. Que grande alegria! Obrigado,
Benfica!
E, por falar em milagres, o que dizer do campeonato de
juniores? Ganhámos bem, somos melhores, a maioria dos jogadores utilizados são
sub18, etc., mas o Porto quase fazia o milagre de vencer a prova.
Neste caso, a citação que me ocorre é a de uma frase da
autoria de Herberto Hélder, que consta no notável “Photomatom & Vox”: “É
sempre fácil caminhar em cima das águas, mas é impossível fazê-lo
milagrosamente.”
Escrito isto, milagre, milagre mesmo, foi ainda assim termos
conseguido ganhar este título…
Jornal O Benfica - 3/6/2022
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