Quem me conhece sabe que a selecção nacional me é
indiferente há uns bons anos. Não é embirração ou sequer um protesto, talvez
seja ainda uma sequela de um tempo em que me revoltava a forma como o futebol
português era dirigido e, em simultâneo, se tornara vulgar a quase total
ausência de jogadores do Benfica nas convocatórias. E reconheço alguma
arrogância da minha parte por me irritar a quantidade de desinteressados por
futebol que opinam, festejam ou criticam nos períodos de maior notoriedade para
a selecção. São os neoconvertidos a prazo que não fazem qualquer falta ao
futebol.
De igual forma, não desejo desaires. Pura e simplesmente não
sinto qualquer emoção. Quando calha, se nada mais interessante houver, sigo as
partidas enquanto apaixonado pelo jogo que sou.
Nos últimos anos, o meu interesse cresceu, apesar da
contínua indiferença quanto aos resultados. A maior participação de atletas do
Benfica e de jogadores formados no nosso clube desperta a minha curiosidade, a
qual já sentia em relação às selecções mais jovens, em que a forte e
bem-sucedida aposta na formação na última década resultou, também, num
acréscimo de qualidade nas equipas organizadas pela Federação. O meu interesse
pela selecção assenta, exclusivamente, numa perspectiva benfiquista.
Não é invulgar que, geralmente pelos tais neoconvertidos,
seja acusado de falta de patriotismo por não apoiar “a selecção de todos nós”.
Esta é bem capaz de ser a acusação mais patética que já ouvi. Até porque, se a
questão passa pela nação, a minha, no desporto, é a benfiquista. E é por isso
que me emocionou ver as demonstrações exacerbadas de benfiquismo em Cabo Verde
no passado fim-de-semana. O benfiquismo não tem fronteiras!
Jornal O Benfica - 13/9/2019
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