sexta-feira, 1 de março de 2019

Neofilarítmico me confesso

Durante a primeira parte do Benfica – Chaves dei por mim a contar a quantidade de boas jogadas executadas pela nossa equipa. Não restrinjo o conceito a oportunidades de golo, mas a boas iniciativas colectivas nos vários momentos do jogo, desde a criação de uma ocasião soberana à desenvoltura com que o jogo benfiquista flui a partir de recuperações de bola. Não durou muito o exercício, perdi-me.

Ao intervalo, enquanto pensava na minha tentativa infrutífera de encontrar um facto que complementasse a subjectividade inerente à minha avaliação muito positiva sobre a qualidade de jogo da nossa equipa, lembrei-me de um dos meus contos preferidos de Aldous Huxley, “Eupompus deu esplendor à arte pelos números”. Nesse conto, Huxley refere os auto-denominados filarítmicos, cujo surgimento se deu após a observação obsessiva da obra-prima do pintor Eupompus, com cerca de 33 mil cisnes representados. Nada mais fizeram que contar pois, para os filarítmicos, contar e contemplar era a mesma coisa.

E eu conto, oh se contemplo. A veia goleadora de Seferovic, sem grandes penalidades, líder no campeonato; Rafa, a um golo do seu máximo de carreira numa temporada; as manifestações do génio de João Félix, ele próprio seguidor de uma escola, a messiana; os oito golos de Jonas no estádio da Luz esta época em pouco mais de cinco jogos completos, somando os minutos de utilização; os dribles de Grimaldo; os passes admiráveis de Gabriel; as assistências de Pizzi; os desarmes de Florentino... e, sobretudo, os pontos recuperados na classificação que nos permitiram voltar a sonhar com o título. Ciente das dificuldades que encontraremos no Dragão, sinto uma confiança inabalável na nossa equipa. Venceremos!


Jornal O Benfica - 1/3/2019

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