Ao intervalo, enquanto pensava na minha tentativa
infrutífera de encontrar um facto que complementasse a subjectividade inerente
à minha avaliação muito positiva sobre a qualidade de jogo da nossa equipa,
lembrei-me de um dos meus contos preferidos de Aldous Huxley, “Eupompus deu
esplendor à arte pelos números”. Nesse conto, Huxley refere os auto-denominados
filarítmicos, cujo surgimento se deu após a observação obsessiva da obra-prima
do pintor Eupompus, com cerca de 33 mil cisnes representados. Nada mais fizeram
que contar pois, para os filarítmicos, contar e contemplar era a mesma coisa.
E eu conto, oh se contemplo. A veia goleadora de Seferovic,
sem grandes penalidades, líder no campeonato; Rafa, a um golo do seu máximo de
carreira numa temporada; as manifestações do génio de João Félix, ele próprio
seguidor de uma escola, a messiana; os oito golos de Jonas no estádio da Luz
esta época em pouco mais de cinco jogos completos, somando os minutos de
utilização; os dribles de Grimaldo; os passes admiráveis de Gabriel; as
assistências de Pizzi; os desarmes de Florentino... e, sobretudo, os pontos
recuperados na classificação que nos permitiram voltar a sonhar com o título.
Ciente das dificuldades que encontraremos no Dragão, sinto uma confiança
inabalável na nossa equipa. Venceremos!
Jornal O Benfica - 1/3/2019
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