O futebol é maravilhoso. As regras são simples e é fácil de compreender. A raridade do golo faz com que seja mais difícil de prever o resultado de cada jogo e essa é a principal razão por que este desporto é repleto de momentos mágicos e narrativas variadas.
Veja-se o exemplo
de Arthur Cabral. Trata-se de um jogador que demora em se afirmar no Benfica,
carregando nos ombros as elevadas expectativas depositadas em si, geradas pelo
significativo investimento na sua contratação e num percurso entusiasmante até chegar
à Luz. Acresce que joga numa posição cuja função principal – marcar golos - tem
sido apontada como uma das debilidades da equipa, com consequências óbvias em
pelo menos quatro pontos desperdiçados no campeonato (Casa Pia e,
gritantemente, Farense).
E foi
protagonista de um gesto censurável.
Reconheceu o
erro, foi humilde, pediu desculpa, prometeu doravante evitar comportamentos
irrefletidos e assegurou que está focado em atingir os níveis exibicionais que
motivaram a sua contratação. Beneficiou de apoio e compreensão de colegas e
equipa técnica e, estou convencido, da tolerância da generalidade dos
benfiquistas. Passados poucos dias, foi, com muita classe, o herói improvável
em Salzburgo.
Mais do que uma
mera narrativa interessante, esta sequência de acontecimentos mostra porque
Roger Schmidt, quando inacreditavelmente maltratado por alguns benfiquistas no
estádio da Luz, foi prontamente defendido pelos jogadores, tanto pelas
habituais escolhas como pelos menos utilizados. Schmidt não deixou, depois,
cair Arthur Cabral, lançando-o logo no jogo seguinte.
É por demais
evidente, por muito que profissionais da comunicação desonestos
intelectualmente tentem convencer-nos do contrário, que há um fortíssimo
espírito de grupo no plantel benfiquista. Só com essa qualidade o Benfica
poderia ter feito a notável exibição em Salzburgo após dois empates para o
campeonato, qualquer deles injusto (o último inqualificavelmente injusto) não
obstante a verborreia de alguns teóricos e vários maledicentes. Só com união e
crença na qualidade própria a equipa do Benfica não se deixou abalar pelo golo
sofrido em Salzburgo, persistindo na concretização do objetivo de apuramento
para a Liga Europa, alcançando-o.
Agora, em Braga,
ver-se-á como corre. O jogo é difícil, tudo é possível, mas acredito na vitória
porque vejo a equipa a jogar bem nos últimos jogos, mesmo naqueles em que não
ganhou (exceptuando em Moreira de Cónegos, onde foi menos impetuosa). E porque,
nesta temporada, já venceu duas vezes o Porto, uma o Sporting e fez em
Salzburgo exactamente o que precisava de fazer.
P.S.: Disse-o
ontem logo a seguir ao golo e fica aqui escrita a minha fezada. O Arthur Cabral
marcará 22 golos na presente época.
Jornal O Benfica - 15/12/2023
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