Todos temos referências que nos influenciam de alguma forma. O Sport Lisboa e Benfica, pela paixão que desperta em milhões de adeptos, é uma força aglutinadora notável, possibilitando-nos o conhecimento de inúmeras pessoas, as quais, pelo exemplo, moldam a nossa extraordinária experiência que é vivermos e sentirmos o clube. Para mim, o Manuel Arons de Carvalho foi um desses benfiquistas.
Desde muito novo que leio as publicações relacionadas com o
Benfica e logo me apercebi da existência do Arons. Foi, a determinada altura, o
benfiquista de serviço nas grandes entrevistas do jornal O Benfica, além de
estar indelevelmente associado à revista Benfica Ilustrado. Acrescia o facto do
meu pai conhecê-lo desde os tempos de Liceu, o que me conferiu uma certa
familiaridade, embora distante, com ele no início da minha adolescência. Terão
sido raras as vezes em que interagimos nesses tempos, mas sabia bem quem era e
tinha o selo de qualidade de ser alguém apreciado pelo meu pai.
Muitos anos mais tarde, em particular desde que fui autor de
livros sobre o Benfica e iniciei a minha colaboração com o jornal enquanto
cronista (esta é a minha 388ª crónica), passei a ter algum contacto regular com
o Manuel Arons de Carvalho. Auxiliou-me várias vezes ao partilhar a sua cultura
e dele recebi vários emails elogiosos em relação às minhas crónicas, artigos e
livros, sendo que a todos reagi agradecido, com muita satisfação e redobrado
orgulho.
É que o Manuel Arons de Carvalho, além de ser um fervoroso
benfiquista, foi também, no meu caso e de tantos outros que se empenham em
conhecer a história do Glorioso, uma inspiração e um exemplo.
A defesa acérrima do Benfica foi uma das suas
características mais conhecidas; a faceta de historiador rigoroso do atletismo
reservada aos mais atentos. E foi um dos que me alertou para algumas
trapalhadas de federações e comunicação social relacionadas com a história do
desporto português, nomeadamente relativas ao Benfica, respeitando sempre a
minha opinião, mesmo quando, em raras ocasiões, divergiu da sua, nesses casos insistindo
pacientemente nos seus pontos de vista ou aceitando os meus argumentos quando
bem sustentados.
O Manuel Arons de Carvalho foi um indefectível benfiquista
com superior cultura desportiva, um dos que estimulou o meu gosto pela história
do Benfica e com quem muito aprendi e tive a honra e o privilégio de trocar
opiniões. Não o esquecerei!
Jornal O Benfica - 23/12/2022
Sem comentários:
Enviar um comentário