Com o empréstimo, por meia época, a um clube turco, talvez tenha chegado ao fim a extraordinária carreira de Pizzi no Benfica. Veremos se regressa ou não para cumprir o último ano de contrato.
À oitava temporada no Benfica, levava 360 jogos em
competições oficiais (18º), 94 golos marcados (23º) e 94 assistências para golo
(1º nas últimas 10 épocas). Foi campeão nacional quatro vezes, absolutamente
preponderante em três desses títulos, titularíssimo com Rui Vitória e Bruno
Lage.
Se estes registos não forem suficientes para se aquilatar do
fabuloso percurso de Pizzi no Benfica e a relevância do seu desempenho de águia
ao peito, atente-se às estatísticas do actual estádio da Luz: Pizzi é o segundo
em jogos e assistências, o terceiro nos golos. À luz das estatísticas, Pizzi é
um dos grandes jogadores da história do Benfica, incluído, por certo, numa
segunda linha de predestinados.
Os números podem não dizer tudo, mas também não mentem.
Relativizando-os, o seu significado pode ser diminuído ou aumentado, até em
simultâneo. E se é verdade que se pode argumentar que Pizzi atingiu estes registos
numa era em que os melhores jogadores se aventuraram pelo estrangeiro e fazem
carreiras curtas no Benfica (e no futebol português), não menos o é que a
quantidade absurda de golos e assistências conseguidas por Pizzi não são, ainda
assim, suficientes para demonstrar o seu enorme impacto no sucesso benfiquista
durante o período em que representou o clube. O elevado QI futebolístico
apreende-se mais do que se quantifica e Pizzi é dos jogadores mais inteligentes
que vi jogar no nosso Benfica.
Tendo em conta o desempenho por temporada, é evidente que
assistimos a um declínio acentuado de Pizzi no último ano e meio.
Será que a absurda reconversão em médio centro anunciada e
implementada por Jorge Jesus à chegada, sem aparentemente cuidar de observar o
notável percurso do jogador em épocas anteriores, acelerou este desgaste? Terá,
entretanto, expirado o seu prazo de validade? É possível que sim. E, se for essa
a situação, é com naturalidade que a encaro. Estranho é o contentamento de
muitos benfiquistas por este ocaso de Pizzi. Alguém desdenharia os 30 golos e
19 assistências de 2019/20? Ou os 15 golos e 23 assistências de 2018/19? A
resposta deveria ser óbvia, mas por razões insondáveis desconfio que não será
bem assim. Que seja muito feliz na Turquia, obrigado!
Jornal O Benfica - 11/2/2022
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