Está para breve o anúncio das conclusões do estudo de uma Comissão, instituída pela Federação Portuguesa de Futebol, acerca do pedido do Sporting para que os vencedores do Campeonato de Portugal sejam considerados campeões nacionais. E como pedir não custa, o Sporting pretende ainda que as quatro primeiras edições do Campeonato Nacional sejam expurgadas do palmarés, alegando que foram experimentais.
Vindo este pedido do Sporting, só faltará que, não obstante
a questão dos títulos, se continue a contar com os golos marcados, de forma a
garantir que Peyroteo perdure na liderança dos goleadores da prova. Não me
admirarei se for este o caso, afinal do Sporting tudo deve ser esperado.
Veja-se bem: num ápice, por decreto administrativo sem
qualquer base factual, o Sporting passaria a contar com 23 campeonatos
nacionais ganhos (mais quatro). O Porto com 32 (mais quatro e menos um). E o
Benfica continuaria nos 37 (mais três e menos três).
E o que dizem os factos? Basta ler o relatório da FPF sobre
1938/39, no qual é referido que o Campeonato da I Liga passou a ser denominado
de Campeonato Nacional e o Campeonato de Portugal passou a ser chamado Taça de
Portugal.
A alteração dos nomes demonstra o que é cada competição.
Aquela em que se apura o campeão nacional começou em 1934 e teve o nome
modificado em 1938. A Taça de Portugal foi estreada em 1922, tendo o nome sido
mudado em 1938. O que não mudou foi a natureza, o formato e até os troféus de
cada prova (no da Taça continuaram a constar as placas dos vencedores desde
1922) e ninguém, em 1938, esperou que tal ocorresse, uma vez que as competições
eram as mesmíssimas, mas com nome diferente.
Que o Sporting faça um pedido destes, pretendendo adulterar
na secretaria o que alcançou em campo, é uma coisa, mas que a Federação sequer
tenha aceitado estudar o caso já roça o domínio do absurdo.
A lata com que estes dirigentes da Federação ousam pôr em
causa o que os seus antecessores, em conjunto com as associações regionais,
determinaram no tempo certo, é absolutamente espantosa. O desrespeito por quem
decidiu em conformidade com a realidade é inqualificável.
Esperemos que o bom senso e o respeito por todos os que se
dedicaram ao futebol no passado prevaleçam sobre estes movimentos insidiosos e
atentatórios à história do futebol português.
Jornal O Benfica - 28/1/2022
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