O montante estratosférico da transferência deve-se,
sobretudo, à capacidade presente e potencial do jogador, mas não só. A notável
saúde financeira da SAD benfiquista tem, na saída de João Félix, o exemplo
cabal e definitivo que a comprova.
A intransigência quanto ao valor da cláusula de rescisão tornou-se
credível a partir do momento em que ocorreram, em simultâneo, alguns factores,
entre os quais os sucessivos exercícios económicos lucrativos, o crescimento
sustentado das receitas, a redução quase total do endividamento bancário e a
facturação assinalável já feita com a alienação de passes (Jiménez; Jovic;
Talisca; etc). Porém, há um detalhe nesta operação ainda mais revelador quanto
à saúde económico-financeira da SAD: não houve urgência, dando até a ideia de
que, para a SAD benfiquista, seria melhor que ocorresse em julho (2019/20), não
prejudicando assim, do ponto de vista fiscal, as suas contas.
Mas se não havia necessidade, porque houve uma negociação? A
resposta é simples: Não era preciso vender, mas tinha de se vender,
procurando-se, por isso, uma solução que permitisse ao Atlético de Madrid
apresentar o montante da cláusula de rescisão de João Félix. Parece paradoxal,
mas é mesmo assim. A saúde financeira é evidente, mas não perpétua. Pura e
simplesmente o Benfica não conseguiria acompanhar a oferta salarial proposta ao
jogador. Além disso, parece-me avisado que os atletas do Benfica percebam que
não lhes são cortadas as pernas, assim se acautelem os interesses do clube. E
126 são muitos milhões: Acima de um terço do passivo; Quase dez vezes o
endividamento bancário; mais do dobro do passivo financeiro corrente; 75% de
todo o endividamento financeiro (RC 1ºSem. 18/19)...
Jornal O Benfica - 5/7/2019
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