Na semana passada insurgi-me contra o tratamento noticioso das contas apresentadas pela Benfica, SAD. Os excelentes resultados foram quase ignorados em detrimento do cumprimento apertado de uma recomendação da UEFA no âmbito do fair play financeiro.
Assim, já não estranhei que, após a eliminação da Liga dos
Campeões, se multiplicassem os Nostradamus, mesmo reconhecendo o forte revés,
desportivo e financeiro, que o desaire implica. Qualquer um perceberá que a
sonegação dessa enorme receita é muito relevante, mas daí até cenários
apocalípticos vai uma grande distância.
Vi de tudo, até alguém, publicado num jornal de economia, a
confundir o montante de uma compra com o custo contabilizado dessa compra numa
época. Não há grande mal que o cidadão comum ignore o conceito contabilístico de
amortizações... a menos que o atropele num meio especializado.
Como este houve outros, só diferindo na criatividade com que
abordaram a questão. De todos resultou a mesma lapalissada: A Benfica, SAD, se
não vender jogadores, dará prejuízo.
Mas convém realçar que 2020/21 só terminará em 30 de junho.
Havendo necessidade de vender jogadores, tanto poderá ser hoje como no final da
época. E confirmando-se o hipotético prejuízo, qual é o problema que ocorra de
vez em quando? A lucrar há sete anos consecutivos, a Benfica, SAD tem capitais
próprios a rondar os 161 M€, significativamente acima do capital social,
comprovando que há resultados acumulados positivos. Acresce que não existe para
distribuir dividendos aos accionistas. E num ano em que se investe fortemente
no apetrechamento do plantel, é natural que se verifique deficit, sabendo-se
que se incrementa a probabilidade de retorno desportivo e financeiro...
Jornal O Benfica - 25/09/2020
Sem comentários:
Enviar um comentário