É sabido que, numa casa, quando a necessidade entra pela porta da frente, o pudor foge a sete pés pelos fundos.
No Sporting há muito que a necessidade se instalou, passando
a regra e manifestando-se sob diversas formas e feitios. As soluções, sempre alegadamente
miríficas, raramente resolvem os problemas, pois estes assentam em algo
estrutural e manifestamente irresolúvel. Trata-se do Benfica. Perderão sempre
na comparação, não há volta a dar-lhe, por muito que insistam em (sobre)viver
acima das possibilidades.
Naturalmente que tal estado de coisas promove a
instabilidade. O Sporting será sempre um projecto inacabado, aquém do proposto.
E resulta disto que quem o lidera se sinta na contingência de ter de propalar
supostos feitos de forma sistemática.
Agora são as contas apresentadas em tempos pandémicos.
Alardeiam o lucro e o seu maior volume de negócios de sempre, regozijando-se de
o terem conseguido apesar da pandemia. E eu prefiro constatar que o
desequilíbrio estrutural se agudizou (39 milhões de euros negativos nos
resultados operacionais sem atletas) e sorrio devido ao quadro dos resultados
operacionais ajustados que expurga o efeito da pandemia, indemnizações e
provisões, como se estas duas últimas não ocorressem todos os anos. E o mais
caricato é que assim se fica a saber que o impacto directo da pandemia se ficou
por 3,7 milhões de euros, o que não justifica a grandeza do prejuízo
operacional ou muito menos faz valer as desculpas de mau pagador aquando do
“roubo” do treinador ao Braga.
P.S.: Por falar em necessidade, vendo-se na contingência de,
por uma vez, se ter de cumprir regras em Contumil, as críticas a Mendes foram
metidas no bolso. Lá o pudor não se esvai pelos fundos da casa... nunca sequer lá
esteve.
Jornal O Benfica - 11/09/2020
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