Haverá reacção mais típica de um sportinguista do que aquela do presidente leonino após o jogo em Famalicão? Disse Varandas: “Este golo jamais seria anulado aos nossos rivais”, referindo-se abusiva e delirantemente a Benfica e Porto, e que o preocupa “a natureza como é visto o VAR nos jogos em que o Sporting perdeu pontos”, acrescentando que lhe custa muito “ver quatro pontos retirados por se utilizar mal o VAR”. E para que se atingisse o expoente máximo do lagartismo, justificou o tal “erro”, pois “seriam quatro pontos de avanço e começam a tremer”.
Sobre a rivalidade, refira-se que deriva da implantação
social dos clubes e de razões históricas, mas nem por sombras, no presente, da
força futebolística. E, por isso, é com um misto de vergonha alheia e sadismo
que oiço Varandas aludir a um pretenso receio dos “rivais” por, imagine-se, a
possibilidade do Sporting, quase sempre perdedor nas últimas quatro décadas,
poder dispor de uma vantagem de quatro pontos à nona jornada. O Sporting nunca
deixará de ser o Sporting e é com isso que conto quando faz umas flores, quase
nunca me decepcionando.
E o VAR... não obstante as costumeiras e pretensiosas
alusões tipicamente lagartas duma pretensa exclusividade de comportamentos
éticos recomendáveis, só o preocupa os erros quando o Sporting perdeu pontos.
Que um seu jogador tenha marcado um golo irregular, como foi o caso de Pedro
Gonçalves ao Moreirense na semana anterior, já não é da sua conta. Nem a
questão da legalidade: objectivamente, Coates fez falta. Um detalhe que, de um
ponto de vista lagarto, convém escamotear, não vá pensar-se, afinal, que “má
utilização do VAR” signifique, nada surpreendentemente, “inconveniente ao Sporting”...
Jornal O Benfica - 11/12/2020
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