Proponho, a todos os editores de dicionários ilustrados, que se passe a usar uma imagem de Lito Vidigal a acompanhar o adjectivo antitético. O homem é treinador de futebol, mas não é futebol que treina.
Sendo justo, todos os princípios elementares do jogo podem
ser identificados no futebol, que não é futebol, de Lito Vidigal: onze
jogadores de cada lado, duas balizas e uma bola. Alternadamente, em cada parte,
numa das balizas evita-se a todo o custo que a bola entre, na outra, mesmo que
por mera casualidade, pretende-se que a dita atravesse a linha de golo.
Creio que, para se ser um jogador de futebol que não jogue
futebol sob as ordens de Lito Vidigal, são necessárias características
especialíssimas, entre as quais predomina a gestão inteligente da dor, aguda em
vantagem, inexistente em desvantagem. Valoriza-se muito, também, a apetência
para a dramatização. E mais é pedido a outros profissionais como, por exemplo,
o homem/mulher do spray milagroso, a quem se recomenda apurada forma física
pois, não sei se será boato, consta que, em vantagem, chega a correr mais do
que alguns jogadores durante os jogos.
Junte-se a um adversário desta estirpe a repetida coincidência
do estado do relvado se adequar, na perfeição, a esta abordagem antitética do
futebol e, em mais ocasiões do que as desejadas, que até nem me parece que
tenha sido o caso desta vez, os árbitros permissivos ou colaborantes, e assim
se torna possível que um treinador de futebol que não treina futebol lá vá
sobrevivendo no mundo do futebol...
P.S.: Não me apercebi logo do penálti sobre Everton, mas
tive a certeza imediata que não seria assinalado. Vasco Santos, no VAR, dá-nos
garantias quanto à previsibilidade das decisões.
Jornal O Benfica - 4/12/2020
A liga também é (ir)responsável.
ResponderEliminarNo futebol português não se passsa nada, a não ser que envolva o Benfica.