A publicação do RC da SLB, SAD, relembra que o SLB já não é
aquele clube do início dos anos 90, ultrapassado no tempo, em que o Prof. Luís
Tadeu, então VP com o pelouro da gestão, reclamava a necessidade imperiosa da
implementação de uma visão empresarial que possibilitasse, paralelamente, a
racionalização dos custos e a obtenção de maiores receitas. Não obstante os
seus avisos recorrentes, essas medidas tardaram a surgir (levando ao seu pedido
de demissão), o que, posteriormente agravado com, primeiro, a crise de
tesouraria e, no final do século, a gestão danosa, resultou num SLB
irreconhecível, descredibilizado, depauperado e uma sombra de si mesmo desportivamente.
Estancada a sangria com Manuel Vilarinho, só com Luís Filipe
Vieira se começou a empreender, com dez anos de atraso, a tal visão
empresarial. Hoje, mais de uma década depois, o clube, no seu todo, está
incomparavelmente melhor, sofrendo ainda as consequências dos anos 90. Isto
porque, sem meios à disposição e sem credibilidade, teve que os obter em enorme
quantidade e a um custo pesado.
Esse custo está, grosso modo, reflectido nas contas da SAD com
impacto directo na política desportiva. É cerca de 20M€ por ano (juros), perto
de 20% das receitas operacionais (sem vendas de jogadores). A redução dos
custos operacionais, mantendo-se o nível de receitas, permitirá esbater esta
herança pesada. Sabendo-se em contra-ciclo (Porto e Sporting têm aumentado o
investimento), creio que, mesmo ocorrendo algum percalço desportivo pelo
caminho, estamos no rumo certo para, a médio prazo, garantir a sustentabilidade
que nos permitirá, no plano desportivo, continuar a ganhar mais que os nossos
adversários.
Jornal O Benfica - 6/11/2015