Na semana passada dei conta da minha recusa em alinhar num
discurso alarmista, em que tudo seria posto em causa sem sabermos, ainda, com
que linhas nos haveremos de coser. Mais que evocar lugares comuns, referi
algumas das incógnitas que, dadas as condicionantes inerentes a um começo de
temporada, não nos permitem chegarmos a conclusões, sejam elas quais forem.
Claro está, fui criticado.
Disseram-me vários amigos, daqueles que sentem uma derrota como
se tratasse do caos pois acham que o Benfica deveria ganhar por decreto porque
é o Benfica e os seus jogadores usam camisolas vermelhas com uma águia ao
peito, que sou “demasiado optimista”. Parte deles, eufóricos com o excelente
resultado alcançado na primeira jornada, vieram agora dar-me razão, a qual, em
bom rigor, não a tenho nem a reclamo.
Assim como repudio o catastrofismo, não embarco em euforias.
Os bons sinais deixados pela nossa equipa não passam, nesta altura, disso
mesmo: bons sinais. O Benfica não se fez de um jogo, nem sequer de uma
temporada. Perceber esta realidade, diria mesmo, este axioma, permite
perspectivar o futuro com a serenidade que, estou convicto, a nossa “estrutura”
nos merece. A melhoria qualitativa verificada na última década em inúmeras
áreas do nosso clube assim nos exige.
P.S.: Daequan Cook tem o melhor currículo na história do basquetebol
em Portugal. As expectativas são elevadas, mas desengane-se quem considera que
o “pentacampeonato” está ganho. Conquistar títulos em pré-temporadas é para
outros. Por isso uns inventam que ganham desde 1893 e outros autoproclamam-se a
maior potência desportiva portuguesa, mas as taças vão para o Museu Benfica
Cosme Damião…
Jornal O Benfica - 21/8/2015