O episódio caricato protagonizado por Coentrão, ao puxar os
calções de Samaris, merece destaque, não por se tratar de um ex-atleta
benfiquista que se desmultiplicou em juras de amor ao Benfica enquanto não
percebeu que já não era desejado na Luz, nem sequer por se tratar de uma
atitude só desculpável a quem, pela tenra idade ou por manifesta incapacidade
intelectual, não consiga tirar a carta de condução, mas pela reacção do nosso
jogador.
Samaris, ao recusar o auxílio a Coentrão para que este se
erguesse do relvado, demonstrou saber o contexto em que está inserido. É
jogador do Benfica e um digno representante, em campo, de milhões de
benfiquistas, cuja disponibilidade para dar a mão a Coentrão seria nula no
lugar do grego. E para que Coentrão percebesse a razão, não vá a compreensão
lenta revelar-se novamente, Samaris indicou-lhe o símbolo que carrega na
camisola, tão só o emblema do glorioso clube ao qual, por azedume, falta de
carácter ou má educação, Coentrão teima em desrespeitar.
A eventual nota de rodapé dedicada a Coentrão no filme da
temporada 2018/19 cairá no esquecimento certamente, ao contrário do gesto de
Samaris, cujo valor extravasa o acontecimento em si, remetendo antes para a
noção generalizada e provavelmente fiel à realidade de que o médio benfiquista se
configura como um dos esteios do esperado sucesso, tanto pelas contribuições
futebolísticas como pela liderança. Assim o indiciam várias atitudes em campo,
a postura inatacável quando se viu afastado da ribalta e a provável influência
no processo de aceitação, por parte do plantel, do novo treinador. Mais que
merecida a renovação do seu contrato!
Jornal O Benfica - 17/5/2019
Sem comentários:
Enviar um comentário