segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Ganhar em Braga

O futebol é maravilhoso. As regras são simples e é fácil de compreender. A raridade do golo faz com que seja mais difícil de prever o resultado de cada jogo e essa é a principal razão por que este desporto é repleto de momentos mágicos e narrativas variadas.

Veja-se o exemplo de Arthur Cabral. Trata-se de um jogador que demora em se afirmar no Benfica, carregando nos ombros as elevadas expectativas depositadas em si, geradas pelo significativo investimento na sua contratação e num percurso entusiasmante até chegar à Luz. Acresce que joga numa posição cuja função principal – marcar golos - tem sido apontada como uma das debilidades da equipa, com consequências óbvias em pelo menos quatro pontos desperdiçados no campeonato (Casa Pia e, gritantemente, Farense).

E foi protagonista de um gesto censurável.

Reconheceu o erro, foi humilde, pediu desculpa, prometeu doravante evitar comportamentos irrefletidos e assegurou que está focado em atingir os níveis exibicionais que motivaram a sua contratação. Beneficiou de apoio e compreensão de colegas e equipa técnica e, estou convencido, da tolerância da generalidade dos benfiquistas. Passados poucos dias, foi, com muita classe, o herói improvável em Salzburgo.

Mais do que uma mera narrativa interessante, esta sequência de acontecimentos mostra porque Roger Schmidt, quando inacreditavelmente maltratado por alguns benfiquistas no estádio da Luz, foi prontamente defendido pelos jogadores, tanto pelas habituais escolhas como pelos menos utilizados. Schmidt não deixou, depois, cair Arthur Cabral, lançando-o logo no jogo seguinte.

É por demais evidente, por muito que profissionais da comunicação desonestos intelectualmente tentem convencer-nos do contrário, que há um fortíssimo espírito de grupo no plantel benfiquista. Só com essa qualidade o Benfica poderia ter feito a notável exibição em Salzburgo após dois empates para o campeonato, qualquer deles injusto (o último inqualificavelmente injusto) não obstante a verborreia de alguns teóricos e vários maledicentes. Só com união e crença na qualidade própria a equipa do Benfica não se deixou abalar pelo golo sofrido em Salzburgo, persistindo na concretização do objetivo de apuramento para a Liga Europa, alcançando-o.

Agora, em Braga, ver-se-á como corre. O jogo é difícil, tudo é possível, mas acredito na vitória porque vejo a equipa a jogar bem nos últimos jogos, mesmo naqueles em que não ganhou (exceptuando em Moreira de Cónegos, onde foi menos impetuosa). E porque, nesta temporada, já venceu duas vezes o Porto, uma o Sporting e fez em Salzburgo exactamente o que precisava de fazer.

P.S.: Disse-o ontem logo a seguir ao golo e fica aqui escrita a minha fezada. O Arthur Cabral marcará 22 golos na presente época.

Jornal O Benfica - 15/12/2023

Sem comentários:

Enviar um comentário

Números da semana (172)

2 O Benfica tem de superar uma diferença de 2 golos para chegar à final da EHF European Cup Women de andebol; 3 Na Taça de Portugal de...