segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Da batotice e da hipocrisia

Não foi só na Nazaré que foram avistadas ondas gigantes esta semana. Também aconteceram na Póvoa de Varzim, na final da Taça da Liga de futsal. E aí foi um set que deveria corar de vergonha os responsáveis da modalidade.

A corrente e vento iniciais foram favoráveis ao Sporting, mas a maré benfiquista fez-se notar no decurso do jogo. O Benfica reduziu a desvantagem e procurou incessantemente chegar a bom porto. Numa das várias investidas, faltava cerca de minuto e meio para o derradeiro apito, surgiu a primeira onda, protagonizada por um jogador leonino.

Foi a da falta de desportivismo e atropelo à ética de Taynan. Nem com barbatanas conseguirá fugir à péssima imagem dada de si mesmo. E depois ainda demonstrou, na prática, que a chico espertice é diferente de inteligência. Escreveu nas redes sociais que errou por impulso, para logo acrescentar que usou o regulamento. Além de batoteiro, é incoerente, embora merecedor de “likes” de colegas e adeptos. E lá apagou a tal publicação, mas “uma vez na internet, para sempre na internet”.

De seguida veio a vaga da incredulidade. Taynan foi apenas admoestado com um cartão amarelo, vá-se lá perceber isto. Ricardinho resumiu bem o tema com uma pergunta numa rede social: “Isto acabou mesmo de acontecer na final da Taça da Liga entre Benfica e Sporting!??????”

Seguiu-se a onda da lata. Afirmou o treinador do Sporting: “Estão a desvalorizar a vitória do Sporting e isso é feio. (…) É um não assunto”.

Pelo contrário, é o único assunto. Se Taynan não for severamente castigado e não houver repetição do jogo, passa a haver legitimidade para que as equipas usem este recurso rasteiro sempre que entenderem necessário. O castigo é leve, tratar-se-á mesmo de um não assunto de acordo com este treinador, logo depreende-se que só os tansos sofrerão golos.

Veio ainda a onda da ridicularia. Como é possível que o autor desta batota seja considerado o homem do jogo? Em que mundo vive e que valores do desporto defende quem atribuiu o prémio ao protagonista deste comportamento miserável?

E não poderia faltar a onda da hipocrisia e canalhice. Os responsáveis sportinguistas pseudo condenam o acto, alegando que se terá tratado de uma reacção a suposta falta de fairplay, desculpabilizando-o sob a forma de acto irreflectido. Não só foi batoteiro por impulso, usando o regulamento, como ainda foi uma vítima das circunstâncias, coitadinho.

A apregoada superioridade moral da agremiação do Lumiar é constantemente contrariada pela realidade. Como se enquadra esta atitude de Taynan na afirmação (ou piada) de Frederico Varandas “a nossa dignidade vale mais do qualquer título”?

Digni quê? Diz o povo que “palavras, leva-as o vento”, mas aquelas proferidas por moralistas leoninos, como facilmente se percebe, nem sequer resistem à mais leve brisa. Em verdade, querem, despudoradamente, ganhar a qualquer custo, enquanto alardeiam virtudes por praticar. Assim o demonstram recorrentemente.

Jornal O Benfica - 26/1/2024

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