quinta-feira, 4 de março de 2021

O grito

Se me fosse dado a escolher um quadro para ilustrar a época futebolística do Benfica até ao momento, julgo que a celebérrima obra-prima de Munch, “O Grito”, seria a mais adequada. Não apenas por tudo o que se tem passado, mas também pelo manifesto contraste em relação às expectativas iniciais.

O presidente do inédito tetra, do tri 39 anos depois, do bi passados 31 anos e da dobradinha que não acontecia há 27 anos, adjuvado por uma estrutura que contribuíra indelevelmente para o retumbante sucesso de anos anteriores, optou pelo regresso de um dos treinadores mais titulados na história do Benfica, e que cuja enorme competência quase ninguém colocou em causa. Acresceu o avultado investimento no apetrechamento do plantel, promovendo-se a contratação de vários internacionais de países consagrados no futebol.

O resto todos sabemos: Eliminação precoce da Liga dos Campeões, num só jogo e em terreno adversário; Saída de Rúben Dias e lesão de André Almeida; Subsequente necessidade de refazer a defesa e instabilidade defensiva que urgiu travar enquanto a sobrecarga do calendário não permitia treinar; Casos de Covid a surgirem e a minarem a equipa até que o surto dizimou o plantel e a estrutura; E péssimas arbitragens que acentuaram o período negativo e objectivamente prejudicam-nos na classificação.

Munch inscreveu no seu “O Grito” que “só pode ter sido pintado por um homem louco!”. Pois só também um louco poderia imaginar esta época até agora. Porém ainda não terminou. Temos de ser sempre mais fortes que os adversários, incluindo árbitros, e mais eficazes na finalização. As condições dadas à equipa são óptimas, o treinador tem currículo robusto e os jogadores de certeza que não desaprenderam.

Jornal O Benfica - 26/2/2021

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